Avaliação 2 - filosofia - unopar
Do Mito à Razão
Uma possibilidade de leitura
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Ricardo Gonçalves
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Jean-Pierre Vernant, um dos mais renomados helenistas de nossa época, deu-nos um fabuloso resultado de suas pesquisas, no que diz respeito aos antecedentes históricos do surgimento da filosofia no ocidente.
Porém, esta é uma saída evasiva para o problema muito mais profundo que se coloca por detrás dessas preocupações acadêmicas: o que fez com que na Grécia e no século VI a.C. tivesse surgido a filosofia? Para tentar responder a esta pergunta, Vernant nos encaminha para três propostas: Partindo das investigações de dois outros autores,
John Burnet e F.M. Cornford, fez-se em “Do mito à razão” uma importante análise dos fatores que teriam proporcionado à filosofia ocidental que surgisse na Grécia, no século VI antes de nossa era.
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1. a mitologia grega provém, em grande parte, do oriente, sendo tributária dele. Apenas a forma, a estrutura do mito é aproveitada pela filosofia nascente, enquanto que seu conteúdo se despoja, pouco a pouco, da explicação ritual e religiosa dos fenômenos sociais e naturais. A filosofia se constitui como a tentativa de uma explicação totalmente positiva
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dos fenômenos mencionados; Segundo Burnet, nada como um apurado espírito de investigação teria sido mais propício para o desenvolvimento da filosofia. Assim, a partir de observações dos fatos cotidianos, os primeiros filósofos teriam passado à formulação de hipóteses mais ou menos precisas, por meio das quais tentavam descrever o mundo.
Mais ainda, esses primeiros sábios estariam inclinados a apresentar leis gerais que teriam validade universal. Ao ler o sub-item “O caráter científico dos primórdios da filosofia grega” (In: O despertar da filosofia grega, pp. 32-35.) tem-se a impressão de que o que Burnet chama de “espírito científico”, aplicando esta expressão aos gregos, mais do que a utilização de