Autoritarismo e Democratização”: uma interpretação do texto de FHC
Embora seja um autor respeitado e de formulações importantes, Fernando Henrique Cardoso não publicou muitos livros se comparado a outros autores, mas escreveu muitos artigos e ensaios e, muitas vezes, os reunia em livro. Optei aqui pelo texto “Autoritarismo e Democratização” que me parece fornecer uma boa síntese de sua visão sobre a realidade brasileira, em particular sobre o Estado.
Publica esse capítulo em 1972, década em que está presente no pensamento de diversos intelectuais brasileiros a ideia de que seus escritos pudessem incidir na realidade política brasileira. A morte do jornalista Wladimir Herzog, na prisão, reforça a luta pela democratização e a Universidade intensifica sua presença no processo. Os intelectuais se projetam na vida política do País, essa militância político-intelectual conflui para o MDB que articulava uma frente política pela redemocratização.
Aqui os liberais avaliam que o país já está em vias de constituir instituições democráticas no Brasil e já está presente na paisagem brasileira uma sociedade civil forte e com capacidade de articulação, aparentemente nessa perspectiva estão se reunindo as condições para uma Democracia Liberal no Brasil.
Nessa obra. FHC aponta o que chama de interpretações equivocadas da realidade brasileira, mantém a visão tradicional liberal, nega o discurso do regime militar que se responsabiliza pelo desenvolvimento do Capitalismo no Brasil. Refuta também a tese do desenvolvimento baseado na super exploração do trabalho.
Formula a ideia de um “Desenvolvimento dependente associado” e localiza o que chama de “Burguesia Estatal” ou “Burguesia de Estado”. Aponta que as empresas estatais são muitas, mas que o controle dessas não é público, grupos privados se apropriam da administração das estatais e se constituem enquanto uma fração da burguesia.
Fala-se na formação de uma técnico-burocracia que realiza ações voltadas para a