Autopoiése e o “padrão” que liga a vida ao conhecimento.
Randolfo Decker (1)
Curso de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (2)
Resumo:
Como observador que vive na linguagem e que se realiza como humano na convivência com os outros, faremos breves reflexões sobre o conhecimento humano em dois domínios distintos, porém, entrelaçados: o biológico, ou seja, como conhecemos pela dinâmica de nossas estruturas internas; o relacional, isto é, como aprendemos por meio de nossas relações, sejam introspectivas, com os outros e com o meio (ambiente). Por fim, tentaremos mostrar o que não podemos ver, mesmo sendo o elo central que liga a vida ao conhecimento: o processo mental, que torna possível o ato cognitivo, a criação e renovação do viver, bem como a conservação e ampliação do conhecimento em todos os níveis de nossa realidade. Em outras palavras, é o “padrão que liga” o vivo à natureza, conforme Gregory Bateson (1986). Essa análise tem como fundamento explicativo a teoria da Autopoiése, unindo a Biologia do Conhecer e a Biologia do Amor, de Humberto Maturana e Francisco Varela (2007), consubstanciado por outros estudos desse complexo tema. Palavras-Chave: Autopoiese, Biologia do Conhecer, Complexidade, Conhecimento, Mente Incorporada.
(1) Jornalista profissional, Bel. em Direito Empresarial, Coordenador de Projetos de Pesquisa Científica da FAPESC.
(2) Disciplina “Complexidade e Conhecimento na Sociedade em Rede”, coordenada pelo professor Dr. Aires José Rover.
1. Introdução
Em A Ontologia da Realidade, Humberto Maturana (1997, p.72) nos lembra que “Não podemos evitar nossa biologia. E, além disso, para que evitá-la se ela nos constitui? O melhor é conhecê-la.” É um convite para refletirmos sobre o fato de que somos seres humanos que vivemos, fazemos e existimos em dimensões biológicas e relacionais (MATURANA, 1997, p.108-109). Aceitamos o convite, resumindo, nestes breves movimentos