auto da barca do inferno
Gil Vicente nasceu “alguns anos depois” de
1465 e faleceu entre 1536 e1540.
Durante cerca de trinta e cinco anos, o nosso dramaturgo foi como que um organizador de espectáculos da corte. Devido a este cargo, o Rei tinha por
Gil Vicente uma grande consideração, o que lhe dava uma grande margem de manobra para criticar a sociedade contemporânea.
Auto da Barca do Inferno
O “Auto da Barca do Inferno” é uma obra fantástica, que segue à risca a máxima latina ridendo, castigat mores, ou seja, a rir, corrigem-se os costumes. Uma crítica fortíssima contra os grandes e poderosos, mas que não poupa os pecadores com uma situação social menos favorecida. É, ainda, uma obra que mistura as crenças da mitologia greco-romana com os mistérios da condenação das almas cristãos.
Corregedor
O que é um corregedor?
Um corregedor é um juiz.
↣ Símbolos cénicos:
↳ processos (“feitos”);
↳ uma vara na mão.
↣ Percurso cénico:
↳o Corregedor chega ao cais e vai ter com o
Diabo; Diabo acusa-o e o corregedor defende-se; chega o Procurador à barca do Diabo; dirigem-se à barca do Anjo onde são acusados pelo Anjo e pelo Parvo; retornam à barca do Diabo onde entram. ↣ Argumentos:
Defesa
Acusação
l. 617: “Como? À terra dos demos há-de ir um corregedor”
l. 655/6: “ Isso eu não o tomava, era lá precalsos seus.” (não são pecados meus, foi a minha mulher)
l.651: “Semper ego justitia fecit bem per nivel.” (sempre agi com justiça e imparcialidade) l. 665: ”… nonne legistis que o dar quebra os pinedos?” ( “foram eles que me ofereceram, eu não tenho culpa disso” )
l. 698: “ Eu mui bem me confessei, mas encobri tudo quanto roubei encobri ao confessor…”
l. 731: “ Cuidam lá que é desvario haver cá tamanho mal” ( na Terra não acreditam no Inferno)
Diabo:
l. 608: “Oh amador de perdiz…”
(acusa-o de receber subornos).
l. 650: “… quia judicastis malitia.”
(porque julgaste com malícia)
l. 653: “ E as peitas (presentes) dos judeus…”
l. 661: “ A largo modo adquiristis
sanguinis