Auditoria
"A FRAUDE COMPENSA"
Depois de analisar 100 casos nos últimos dez anos, o investigador contábil afirma que a tecnologia favorece o roubo e que ninguém vai para cadeia por desviar recursos da empresa onde trabalha
Por Manoel Fernandes
O paulistano Marcelo Gomes, 39, se especializou em uma área da contabilidade pouco comum no Brasil, a perícia de fraudes corporativas. Nada mais que roubos, desvios de recursos e corrupção onde os principais personagens são funcionários de empresas nacionais e multinacionais. Doutor em Contabilidade pela Universidade de São Paulo e um dos primeiros brasileiros a integrar a Association of Certified Fraud Examiners, a entidade nos Estados Unidos que reúne os maiores especialistas no assunto, Gomes investigou 100 casos até agora. Descobriu os valores, identificou os culpados, mas a maior parte dos seus clientes preferiu evitar disputas judiciais com empregados desonestos. “Não existe funcionário honesto”, afirma o perito. Gomes antecipou à DINHEIRO algumas das idéias do livro que pretende lançar ainda no primeiro semestre sobre esse assunto.
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DINHEIRO – É um bom negócio fraudar uma empresa?
MARCELO GOMES – Infelizmente sim. A fraude compensa. Muitos criminosos roubam bancos, seqüestram, assaltam e em algum momento terminam na cadeia com um dinheiro que mal paga o advogado. Um funcionário ladrão rouba da companhia onde trabalha uma quantia suficiente para garantir sua aposentadoria e nada acontece. Em muitos casos, o empregado desonesto consegue ser demitido recebendo seus direitos, a multa de 40% do FGTS, bônus e ainda entra pedindo mais na Justiça Trabalhista.
DINHEIRO – Não existe empregado 100% honesto?
GOMES – Em algum momento, ele será tentado a roubar. Toda a fraude começa após um erro. Se o empregado com alguma tendência