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A ERA DA GLOBALIZAÇÃO
São muitos os que defendem, desde uma posi-ção supostamente "científica", a inevitabilidade de uma inserção passiva das economias nacionais no chamado processo de globalização.
Dois pressupostos estão implícitos nesta formu-lação: 1) a globalização conduzirá à homogeneiza-ção das economias nacionais e à convergência para o modelo anglo-saxão de mercado; 2) esse proces-so ocorre de forma impessoal, acima da capaci-dade de reação das políticas decididas no âmbito dos Estados Nacionais.
Para não comprar material de "desmache" ideo-lógico, seria conveniente relembrar que o processo de globalização, sobretudo em sua dimensão finan-ceira - de longe a mais importante, foi o resultado das políticas que buscaram enfrentar a desarticula-ção do bem-sucedido do arranjo capitalista do pós-guerra.
As decisões políticas tomadas pelo governo a-mericano, ante à decomposição do sistema de Bret-ton Woods, já no final dos anos 60, foram amplian-do o espaço supranacional de circulação do capital monetário. A política americana de reafirmar a su-premacia do dólar acabou estimulando a expansão dos mercados financeiros internacionais, primeiro por meio do crédito bancário - euromercados e "off-shores" - e mais recentemente por meio do cresci-mento da finança direta.
Paradoxalmente, as tentativas de assegurar a centralidade do dólar nas transações internacionais ensejaram o surgimento de um instável e problemá-tico sistema plurimonetário com paridades cambiais flutuantes.
Essas grandes transformações nos mercados fi-nanceiros ocorridas nas últimas duas décadas es-tão submetendo, de fato, as políticas macroecono-micas nacionais à tirania de expectativas volúveis. Não foram poucos os ataques especulativos contra paridades cambiais, os episódios de deflação brusca de preços de ativos reais e financeiros, bem como as situações de periclitação dos sistemas bancários.
Até agora, essas situações foram contornadas pela ação de última