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Holanda e França rejeitam Constituição única
A exemplo dos eleitores franceses no plebiscito do dia 29 de maio, os holandeses rejeitaram nesta quarta-feira (01/06) por ampla maioria -61,6% a 38,4%, na apuração praticamente concluída- a proposta de Constituição para a União Européia, o que traz contornos mais sombrios à crise em que entrou o bloco de 25 países.
O primeiro-ministro holandês, Jan Peter Balkenende, disse se tratar "de um claro resultado" e confessou estar "bastante desapontado". Afirmou, no entanto, que seu governo respeitaria a vontade popular expressa pelas urnas.
O resultado já era previsto pelas pesquisas de intenção de voto. Mas os partidários do "sim" à Constituição da UE torciam para que a abstenção fosse superior a 70%, algo plausível num país em que o voto não é obrigatório, para que então o governo pudesse ignorar o resultado do plebiscito.
Votaram, no entanto, 62% dos holandeses inscritos, o que não deixa margem de dúvidas quanto à legitimidade do resultado.
Analistas notam haver uma diferença de motivação entre o "não" francês -54,67% dos votos, segundo resultados oficiais, contra 45,33% para o "sim"- e o "não" que os holandeses deram.
Enquanto os franceses em verdade plebiscitaram o impopular presidente Jacques Chirac e exprimiram preocupação contra uma Europa "neoliberal e sob controle anglo-saxão", os holandeses assistiram à formação de uma aliança implícita entre parte da esquerda e parte dos conservadores.
A esquerda temia que o país perdesse sua independência em políticas sociais que prevêem a eutanásia e o uso controlado da maconha. Os conservadores temiam que um acesso maior do país aos imigrantes passasse a ser definido por Bruxelas.
Aos dois grupos se somam os adversários de uma Europa confederada, na qual as leis do bloco prevaleceriam, segundo o projeto de Constituição, sobre as legislações nacionais. E ainda os prejudicados pela perda de poder aquisitivo na conversão do florim para o euro,