ATPS
NO. 20, PP. 141-180 (2012)
EU LEIO, TU OUVES, NÓS APRENDEMOS:
EXPERIÊNCIAS DE APRENDIZAGEM MATEMÁTICA E
VIVÊNCIAS DE INCLUSÃO DE DOIS ESTUDANTES SURDOS,
NO ENSINO REGULAR
Inês Borges
Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Unidade de Investigação
Educação e Desenvolvimento inesborges@hotmail.com Margarida César
Universidade de Lisboa, Instituto de Educação macesar@ie.ul.pt Resumo
Acolher alunos categorizados como apresentando necessidades educativas especiais (NEE) contribuiu para o aumento da multiculturalidade nas escolas. Os documentos de política educativa, nacionais (ME, 2008) e internacionais (UNESCO,
1994), salientam a necessidade de proporcionar uma educação inclusiva, colocando desafios aos professores. Contudo, persistem barreiras com que se deparam os
Surdos e outros estudantes categorizados como apresentando NEE (Freire, 2006).
Focamo-nos nas adaptações realizadas nas práticas docentes para que dois estudantes Surdos aprendessem matemática com os colegas ouvintes. Assumimos uma abordagem interpretativa (Denzin & Lincoln, 1998) e um design de estudo de caso intrínseco (Stake, 1995). Os dois estudantes são Surdos profundos e severos, pré-linguais, oralistas, frequentando, com uma idade próxima da esperada, o 12.º ano de escolaridade, considerando-se dois casos de sucesso escolar (Borges, 2009).
Foram, também, participantes os colegas de turma e as professoras de matemática e educação especial. Os instrumentos de recolha de dados são a observação (registada em diário de bordo da investigadora e áudio gravada), entrevistas, conversas informais, protocolos dos alunos e recolha documental. O tratamento e análise de dados baseou-se numa análise de conteúdo de índole narrativa (Clandinin & Connelly,
1998), sucessiva e aprofundada, emergindo categorias indutivas (César, 2009).
http://www.eses.pt/interaccoes
142
BORGES & CÉSAR
Os resultados focam-se nos padrões interactivos