ATPS
Não acho que seja preciso optar por um destes caminhos. Ambos podem existir e conviver pacificamente, funcionando dentro de seus propósitos. Na verdade, algumas das maiores obras do Cinema têm a capacidade de combinar o entretenimento e a denúncia, transmitindo mensagens relevantes em uma narrativa fascinante de se assistir. Tropa de Elite, o filme que conseguiu levantar polêmica antes mesmo de sua estréia, é um exemplo de tudo aquilo que o Cinema é capaz: imergir o espectador em outro mundo durante duas horas e, como conseqüência, ensiná-lo a pensar.
Dirigido por José Padilha, responsável pelo sensacional documentário Ônibus 174, e escrito por ele mesmo, Bráulio Mantovani e Rodrigo Pimentel, Tropa de Elite se passa em 1997, pouco antes da visita do Papa João Paulo II ao Rio de Janeiro. Ali, encontramos o Capitão Nascimento, um dos comandantes do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), incumbido de garantir a segurança do Pontífice em um dos morros cariocas. Nascimento, prestes a ganhar um filho, está cansado do trabalho e acredita ser esta uma missão estúpida. Enquanto lida com seus problemas, procura um substituto, que pode estar nas figuras dos aspirantes Matias e Neto.
Acredito não ser temerário afirmar que Tropa de Elite é um dos mais corajosos filmes recentes, não apenas do Cinema nacional, mas do cenário internacional também. Poucos cineastas têm a coragem de fazer o que José Padilha fez, indo a fundo nos verdadeiros podres da engrenagem social de seu país,