Atps Economia
Entre os fatores que afetam a competitividade de um setor, a taxa de câmbio real certamente tem forte influência, apesar de estar fora do controle dos agentes do setor. Portanto, é um fator externo decisivo para a competitividade. Aliás, é baseado em políticas de câmbio desvalorizado, impulsionando a competitividade da indústria, que países asiáticos têm alavancado seu crescimento. Foi assim no Japão do pós guerra, nos tigres asiáticos na década passada e agora na China. Ou seja, mantém-se a moeda desvalorizada e constrói-se um modelo de crescimento baseado na exportação.O câmbio real mede o valor de uma moeda em relação àquele de seus principais parceiros comerciais, descontando as variações de inflação registradas pelos mesmos. No caso do Brasil, o valor do real em relação às moedas de seus principais pares comerciais já está hoje mais valorizado que a média registrada em 1998, último ano de existência do câmbio fixo quando a evidente apreciação excessiva culminou na maxidesvalorização de janeiro de 1999. A Figura 1 ilustra o comportamento do real frente a uma cesta de 13 moedas nos últimos vinte anos. A apreciação do real é demonstrada na tendência decrescente da curva.
Figura 1 - Evolução do índice de taxa de câmbio real: cesta de 13 moedas versus Real (fev/99 = 100)
O comportamento do câmbio brasileiro aponta para sobrevalorização crescente do real e, consequentemente, perda de competitividade doméstica. Desde dezembro de 2003, época em que boa parte do efeito da forte depreciação ocorrida em meio à eleição de Lula em 2002 já havia passado e que a volatilidade das moedas de países em desenvolvimento estava bem acomodada, o real se apreciou de forma contínua. A principal causa da apreciação do câmbio real brasileiro é a robusta demanda pelas commodities produzidas pelo país. Isso tem feito com que os preços dos bens exportados pelo Brasil estejam em patamar bem mais elevado que o dos produtos importados.