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A repórter pergunta ao jovem detido o que ele vai querer ser quando sair da prisão, com o que deseja trabalhar, sem titubear o menino responde “Quero trabalhar com o tráfico”. Esta é a dura realidade de muitos garotos que crescem no morro, o pai morreu sendo traficante, o irmão já é “aviãozinho” o que resta para ele é ganhar algum dinheiro arriscando a própria vida. Eles podem até não saber escrever seus nomes, mas sabem de cor o nome das armas. O filme “Notícias de uma guerra particular” mostra o cenário de favela desenvolvido por Ivana Bendes como uma fratura social. Onde todos os personagens – mesmo com ocupações diferentes – são iguais e submetidos à rotina do tráfico de drogas. O destaque do filme de João Moreira Salles, portanto, são os personagens que chegam ao cenário abordado, ele mostra o policial, aquele que entra no território da favela. Além de trazer depoimentos dos favelados e traficantes, também insere o inimigo policial. Esteticamente ainda é um filme que tem as referências da fome de Glauber Rocha, do desespero que aquela parcela da população ainda vive. E é nesta produção que é possível perceber a violência sem ser um lugar comum, onde o espectador é instigado a pensar na vida das favelas. Na produção de Salles o ambiente de favela gera no espectador um misto de fascínio, por mostrar o que acontece na favela, com o sentimento de repulsa, já que ninguém gostaria de viver aquela realidade. A produção mostra traços de documentário, sem exageros e inovações. Mesmo o morro sendo um ponto de drogas e a maioria dos homens andarem armados, por ironia, são os traficantes que garantem a segurança daquele povo. Uma moradora de lá disse que quando precisa de um remédio e não tem dinheiro para comprar, leva a receita médica para o pessoal do “movimento” e trinta minutos depois recebe o medicamento. Isso também acontece com gás, biscoitos, cigarros e etc... É