Associando os textos "Por que o romance", de M. Robert e "A verdade das mentiras", de Mário Vargas Llosa.
• Associando os textos "Por que o romance", de M. Robert e "A verdade das mentiras", de Mário Vargas Llosa.
Quando lemos, tentamos de alguma forma provar que aquilo que estamos lendo é real ou, pelo menos poderia ser considerado real.
De um certo modo, pode até ser real mas de uma realidade construída de uma forma romanesca. A verdade do romance foi feita para imitar a realidade, para criar a impressão de real.
Llosa demonstra uma insatisfação com a desconfiança do leitor, que parece não se convencer da resposta recebida, como se fosse necessário não aceita-la para continuar vivendo a verdade inventada pelo romance.
No entanto é justamente essa desconfiança que mantém viva uma das funções da literatura – A fuga da realidade. Assim Llosa cita no texto: “[...]A ficção trai a vida, encapsulando-a numa trama de palavras que a reduz de escala e a coloca ao alcance do leitor[...]”(p.19)
Assim também afirma Marthe Robert:
“[...] Quanto ao mundo real com quem mantém relações mais estreitas que qualquer outra forma de arte, permite-se-lhe pintá-lo fielmente, deformá-lo, conservar ou falsear suas proporções e cores, julgá-lo[...]” “[...]O romance não tem regras nem freio[...]”. (p.14)
O romance representa uma nova realidade. Uma possibilidade de se liberar do mundo real refugiando-se na ficção. O leitor sabe que é uma mentira, mas assumí-la é negar a si mesmo a possibilidade de sonhar e assumir uma nova identidade momentânea, mas necessária à realização da vida.
Sendo assim, são essas mentiras que adornam a vida real, enchem-na de prazer e a tornam menos insatisfatória para o leitor. Essas mentiras preenchem a necessidade de fantasia do homem, atraindo o leitor para ela.