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Capítulo 6
A concepção cibernética da comunicação 6.1
A concepção cibernética da comunicação e a crítica a Shannon
Naquela que constitui a sua obra teórica fundamental, Cibernética: ou
Controlo e Comunicação no Animal e na Máquina, de 1948,Norbert
Wiener assume-se, a par de Shannon – que foi, aliás, seu aluno –, como um dos “pais” da Teoria Matemática da Comunicação.1 Isso não obsta, no entanto, a que Wiener conteste o modelo linear e “transmissivo” da teoria de Shannon, substituindo-o por um modelo interactivo, assente na ideia de que a “comunicação”, a circulação da informação, é um
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Diz Wiener: “A transmissão de informação é impossível salvo como transmissão de alternativas. (...) Para contemplar este aspecto da engenharia da comunicação, nós tivemos de desenvolver uma teoria estatística da quantidade de informação, na qual a unidade de quantidade de informação era a transmitida como uma decisão única de entre alternativas igualmente prováveis. Esta ideia ocorreu mais ou menos ao mesmo tempo a vários escritores, entre os quais o estatístico R. A. Fisher, o Dr. Shannon dos Bell Telephone Laboratories e o autor.” Norbert Wiener, Cybernetics: or Control and Communication in the Animal and the Machine, Cambridge, Massachusetts, The
MIT Press, 1965, p. 10.
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Paulo Serra
“mecanismo de organização” mediante o qual os sistemas2 , sejam eles máquinas, organismos ou sociedades, tendem a contrariar constantemente a tendência entrópica para a desordem e a destruição. Ora, esta posição de Wiener é aparentemente contraditória, na medida em que, por um lado, se considera um partidário da teoria de Sannon mas, por outro lado, e ao contrário deste, considera a informação como organização e a entropia como desorganização. Uma das formas de esclarecer tal contradição aparente é a de considerar que a informação, enquanto conjunto de escolhas, aumenta a nossa possibilidade