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Casa do Cipreste
S. Pedro de Sintra, 1914
A Casa do Cipreste - projectada para si próprio e localizada em S. Pedro de Sintra, numa parte do terreno onde ficava a casa do seu pai - veio a ser construída entre 1912 e 1914, embora tenha começado a ser projectada ainda na Alemanha, durante a estadia que ali teve o arquitecto, como estudante, entre 1893 e 1897.
A partir desta habitação dedicaria toda uma atenção à "sua" Serra de Sintra, percorrendo-a, conhecendo-a e preparando-se também para a grande intervenção de restauro que teve mais tarde no palácio da Vila.
Obra afinal de início de carreira, é muito mais descomprometida do que algumas das realizações da idade madura de Raul Lino, particularmente no que diz respeito à sua ligação com o terreno e a paisagem, harmonizando-se com o declive e as vistas, num jogo que resulta muito claro na leitura das plantas, de uma forma que poderíamos considerar próxima das teorias de Frank Lloyd Wright, caminho que, como sabemos, não seria percorrido por Raul Lino.
A organização cuidadosa com que se planeou a implantação nos vários níveis em que se liga ao terreno, levou a que a única edificação visível a partir da Casa do Cipreste fosse o Palácio de Sintra, evitando-se a vista do casario, "bárbaras construções que amesquinham o monumento".
O desenho desta moradia fica ainda ligado a incursões noutros domínios plásticos, aos azulejos como sempres, bem como a um estudo vitral, que anuncia no muro da rua uma existência por trás mas, também, num código figurativo, o que a casa é e quem a habita, através da representação do símbolo escolhido por Raul Lino para si Próprio - o Cipreste.
Formalizada em torno de um pátio, logo à entrada se separam dois possíveis destinos, ou para a zona familiar, ou para o atelier do arquitecto - construído posteriormente - que se encontra assim resguardado no seu canto de jardim, enquanto simultaneamente encerra a obra.