Ascens O Da Gm Sobre A Ford

Ascensão e queda dos gigantes
Para evitar o declínio, as empresas precisam aprender a se renovar sistematicamente, diz pesquisador britânico
Época NEGÓCIOS

Por que corporações grandes e bem-sucedidas entram em declínio? Como uma empresa que comandou um mercado de forma dominante, a exemplo da General Motors, pode desaparecer? Assim como historiadores buscam entender a ascensão e a queda dos impérios, o escritor e consultor britânico David K. Hurst tenta responder a essas perguntas em seu mais recente artigo, publicado pela consultoria Innosight. O título do trabalho já dá pistas sobre a teoria de Hurst. Em Systematic Innovation and Organizational Decline (“Inovação sistemática e declínio organizacional”), ele argumenta que no centro do problema está a “incapacidade sistêmica” de muitas corporações de se renovar ao longo de sua história.

Durante as “dores de parto de seu nascimento”, diz Hurst, a maioria das empresas de sucesso tem algo em comum: a confiança – sobretudo a confiança no propósito do empreendimento. “No nascimento de uma empresa, o seu propósito é um consenso. Porém, há muita discordância sobre seus processos”, afirma ele. Nesse estágio inicial, o papel da liderança é o de mediar diferenças e construir um ambiente de cooperação. É o que Hurst chama de “período da confiança”.

Quando a empresa amadurece, porém, ocorre em geral o oposto. Existe perfeito consenso a respeito dos processos. No entanto, a missão original da empresa é gradualmente perdida, principalmente quando os fundadores não estão mais presentes. Hurst chama essa fase de “período da lógica”. É nessa fase que são ampliadas a infraestrutura física, os sistemas de produção complexos, as hierarquias e burocracias, além dos contatos com os sindicatos e o governo. Esses elementos são desenhados para perpetuar o modelo de sucesso e solidificar o poder. “À medida que grandes empresas acumulam força, no entanto, elas passam a ser sistematicamente restringidas por essas estruturas”, diz Hurst.