As yamis e o poder
Dessa forma, encontra-se uma grande variedade de personagens mitológicos que expressam papéis sociais e psíquicos; entre eles as Mães Ancestrais. Antes de abordá-las é necessário analisar duas características das religiões africanas, aparentemente dicotômicas, presentes na figura das Iá Mi: ancestralidade e feitiçaria ou sortilégio. Em África o culto às mães ancestrais encontra-se, de maneira geral, ligado ao chamado “culto aos antepassados”, identificado pelos especialistas em quase todo o continente. Os ancestrais mortos serviriam como mediadores entre a comunidade e o mundo sobrenatural. Proveriam acesso à orientação espiritual e poder. A morte não seria condição suficiente para se tornar um ancestral. Somente aqueles que viveram plenamente, cultivaram valores morais, e conseguiram distinção social poderiam alcançar este status. Os ancestrais estão aptos a repreender àqueles que negligenciam ou quebram a ordem moral causando problemas aos descendentes errantes através de doenças ou má sorte até que a reparação seja feita.3
Tem-se que considerar a projeção das relações humanas e das relações econômicas de propriedade, não confundindo a veneração dos antepassados com o culto dos mortos em geral.
Gromiko (et. all.) afirma que nas sociedades sedentárias (agrícolas) as relações de parentesco e autoridades dos grupos etários maiores levaria a um culto dos ancestrais. No entanto, as
1 Reginaldo Prandi. Mitologia dos