As yamis e o poder

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Sabe-se que nas culturas orais africanas o mito incorpora reflexões filosóficas, expressa valores últimos e identifica padrões morais. Ao contrário dos ocidentais, os mitos africanos não são recontados como uma simples narrativa, nem há algum conjunto único de histórias estabelecido. Em vez disso, eles são encaixados e transmitidos em práticas rituais. A descrição mitológica do cosmos é antropomórfica. Nela o corpo humano é um microcosmo e incorpora os mesmos elementos primordiais e forças essenciais que construíram o universo.2
Dessa forma, encontra-se uma grande variedade de personagens mitológicos que expressam papéis sociais e psíquicos; entre eles as Mães Ancestrais. Antes de abordá-las é necessário analisar duas características das religiões africanas, aparentemente dicotômicas, presentes na figura das Iá Mi: ancestralidade e feitiçaria ou sortilégio. Em África o culto às mães ancestrais encontra-se, de maneira geral, ligado ao chamado “culto aos antepassados”, identificado pelos especialistas em quase todo o continente. Os ancestrais mortos serviriam como mediadores entre a comunidade e o mundo sobrenatural. Proveriam acesso à orientação espiritual e poder. A morte não seria condição suficiente para se tornar um ancestral. Somente aqueles que viveram plenamente, cultivaram valores morais, e conseguiram distinção social poderiam alcançar este status. Os ancestrais estão aptos a repreender àqueles que negligenciam ou quebram a ordem moral causando problemas aos descendentes errantes através de doenças ou má sorte até que a reparação seja feita.3
Tem-se que considerar a projeção das relações humanas e das relações econômicas de propriedade, não confundindo a veneração dos antepassados com o culto dos mortos em geral.
Gromiko (et. all.) afirma que nas sociedades sedentárias (agrícolas) as relações de parentesco e autoridades dos grupos etários maiores levaria a um culto dos ancestrais. No entanto, as
1 Reginaldo Prandi. Mitologia dos

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