As velas ardem at ao fim
Henrick, já com 75 anos, chama Nini, a sua ama e confidente, para lhe revelar o assunto da tão misteriosa carta: o seu amigo Konrád ia regressar após 41 anos sem se verem ou falarem.
Henrick e Konrád conheceram-se, com 10 anos, no colégio militar. Eram colegas de quatro e desde o primeiro dia criaram uma relação muito intensa e desde então passaram a fazer tudo juntos, como se fossem da mesma família: Konrád passava as férias em casa no castelo do amigo, tocava música com a mãe de Henrick como se fossem verdadeiramente mãe e filho, fizeram o juramento do exército juntos e mais tarde partilharam o mesmo apartamento nos primeiros anos de serviço. Uma amizade tão intensa que no colégio mencionavam-nos apenas com o mesmo nome, como se fazia aos casais. Porém havia uma diferença entre eles. Henrick era rico, enquanto que Konrád era filho de uma família nobre em decadência. Ambos perdoavam um ao outro o pecado original: Konrád perdoava ao amigo a riqueza, o filho do oficial da guarda perdoava a Konrád a pobreza. Embora a amizade que Konrád sente por Henrik seja sincera, este não deixa de ser assombrado pelo sentimento de inveja. Inveja porque, enquanto Henrik nunca conheceu qualquer dificuldade na vida, Konrád vive angustiado pelo esforço que a sua educação exige dos pais. No entanto, completavam-se.
Esta amizade durou mais 20 anos até Konrád partir para os trópicos de um dia para o outro e nunca mais ter dado notícias. Desde então Henrick deixa de receber visitas e fica fechado no seu castelo tentando entender o que fez o seu