As três hegemonias do capitalismo histórico - Giovanni Arrighi
1755 palavras
8 páginas
O declínio do poderio mundial norte-americano, a partir de 1970, inicia um debate acadêmico sobre a ascensão e queda de estados hegemônicos; alguns autores buscam identificar similaridades estruturais nas diferentes situações históricas estudadas. Hegemonia aqui é entendida como a capacidade de um estado de exercer funções de liderança e governo sobre um sistema de nações soberanas; não se trata de dominação pura e simples, mas de dominação intelectual e moral; as forças de oposição são eliminadas pela coerção e pelo exercício do poder econômico (corrupção, fraude). A hegemonia é também estabelecida a partir de um interesse geral que motive a adesão de estados a uma coalizão. As ascensões e declínios de estados hegemônicos não ocorrem num sistema mundial se expandindo independentemente numa estrutura invariável; o sistema mundial se forma e expande baseado em recorrentes reestruturações fundamentais; ascende o estado que aproveita com êxito situações de conflito que levam a um caos sistêmico, generalizando uma demanda por “ordem” e restabelecimento da cooperação interestatal. O moderno sistema de governo emergiu da desintegração do sistema da Europa medieval, que consistia numa relação senhor-vassalo, uma mistura de público e privado, mobilidade geográfica do poder e legitimação dada por um corpo comum de leis, religião e costumes. O sistema moderno torna as esferas pública e privada distintas; a jurisdição é claramente demarcada por fronteiras nacionais e está estreitamente associado ao desenvolvimento do capitalismo como sistema de acumulação mundial. Este vínculo é tanto contraditório como único: o capitalismo e os estados nacionais surgiram juntos e são inter-dependentes, mas há condições que fazem os capitalistas se oporem à ampliação do poder do estado; enquanto o foco estatal é a aquisição de territórios e o controle de populações, o foco do capitalista é o acúmulo de capitais. O estado usa o controle do