As origens da crise argentina: uma sugestão de interpretação
Andrés Ferrari2
André Moreira Cunha3
Resumo: O presente trabalho busca resgatar as origens históricas da crise argentina. Argumentamos que o modelo de liberalização econômica subjacente ao Plano de Conversibilidade tem suas raízes na formação da economia agro-exportadora, que entre o final do século XIX e primeiras décadas do século
XX deu as bases para a construção de um país próspero. Por outro lado, a década de 1990 introduziu uma heterogeneidade social que não guarda relação estreita com as principais heranças do modelo liberal anterior. Palavras-chave: Argentina, liberalismo econômico, desenvolvimento
Abstract: In this paper we look for the historical genesis of Argentina’s crisis. We argue that the economic liberalization model, implicit of the Convertibility Plan, has its roots in establishment of the agro-exporting economy on which, between the end of the 19th century and the first decades of the 20th century, a prosperous country was formed. On the other hand, the 1990 decade introduced a social heterogeneity that holds no relation to the main heritage of the previous liberal model.
Key Words: Argentina, economic liberalism, development
Introdução
No começo de 2005, após o “sucesso” no processo de reestruturação da dívida externa, o presidente da Argentina, Nestor Kirchner4, sintetizou o que parecia então ser o espírito dominante no país ao dizer que se, por um lado, a vitória na longa queda de braço com os credores privados teria implicado que “começamos a sair da conjuntura para poder enxergar mais adiante”, por outro, “o país não saiu do inferno”. Partimos desse ponto para demarcar um terreno analítico relevante a ser explorado, qual seja, o das fortes oscilações cíclicas do desenvolvimento recente da Argentina, que têm levado o país a momentos de intensa euforia e crescimento, e períodos de crise profunda, nos marcos de uma tendência de longo prazo que sugere sua