poucas oportunidades de mudarem o registro de seus destinos, imaginam um projeto de ascensão social simbolizado nas expressões “melhorar de vida”. Os relatos de fato realçam as marcas das lutas em busca desse objetivo, mas evidenciam também, que ainda se debatem com sonhos não realizados e com uma realidade dura, que reintera a negação, sem que deixe de os alimentar, ainda que as possibilidades se mostrem muito remotas. Para a maioria dos entrevistados, as pequenas conquistas revertem-se do caráter de grandes realizações e servem de estímulos para pensar na possibilidade de alterar as condições de vida, sem se afastar, contudo, da realidade. Obter se relaciona então com a perspectiva do que pensão em ser uma vida “digna” e não com ideia de riqueza e luxo, porque, além de considerarem um desejo extremamente ambicioso e condenam, mesmo, os valores morais dos ricos, daí frisarem que “eu não penso em enricar, quero mudar de vida”, isto é, querem alcançar outro padrão do cotidiano, “como eu posso comprar isso¿ Eu não vou ter que me apertar, eu não vou ter que diminuir isso p fazer isso?” Os anseios mais fortes consistem, portanto em dispor de saúde para trabalhar, oferecer alimentação suficiente para os filhos e proporcionar uma casa para a família. A preocupação com o bem-estar da família especialmente da parte dos pais em relação aos filhos insere-se nessa tentativa de valorizar a existência, suprindo a prole do que não obteve ao longo se suas trajetórias. Encontram-se, assim, neles, sinais de tristeza e arrependimento por não terem logrado êxito nos estudos, por isso dizem esforçar-se para que os filhos se capacitem, a fim de não se submeterem ao trabalho pesado da lavoura, ou da estiva referencias, do trabalhador pobre que não pode estudar. Em face dessas dificuldades de sobrevivência, alguns enfatizam que, se porventura ocorrer a melhoria esperada, esta se dará por sorte ou milagre, pensamento mágico ou presente até entre os assalariados. Por