As escrituras sagradas
As Escrituras Sagradas nos três monoteísmos (Maria Clara Lucchetti Bingemer*)
22.setembro/2003 - Brasil - O estudo das diversas religiões permite classificar em dois tipos fundamentais a atitude do homem perante o Absoluto.
Nas religiões naturais, o homem descobre Deus como criador a partir dos seus vestígios no universo. Responde a este conhecimento com uma reação espontânea. Mas, nesse momento, toma consciência das suas diversas aspirações insatisfeitas e enfrenta o problema do mal e do sofrimento. O esboço de solução que encontra na sua religião revela-se inadequado e obriga-o a uma nova busca.
As religiões vindas do Antigo Testamento reconhecem a Deus – além de sua Criação – igualmente a partir da Sua intervenção na história, em que Ele escolhe um povo, o guia e o salva. O Judaísmo e o Islã encontram o sentido desta história na "Palavra de Deus", sob a forma de um Livro. O Cristianismo crê que esta Palavra divina se realizou plenamente no Homem-Deus: Jesus Cristo. No entanto, as três assim chamadas Religiões do Livro trazem a experiência de que o ser humano vê num Deus único a fonte da vida e de tudo que existe. E esta experiência foi consignada pelo Judaísmo na Torah, pelo Cristianismo na Bíblia judaica e cristã (AT e NT) e pelo Islã no Alcorão.
Mas por que Religiões do Livro? Por que o povo de Israel, a Igreja cristã e os povos árabes reunidos pela experiência de Maomé sentiram que a escrita seria o meio adequado para guardar e registrar a experiência de seu Deus, que passaria a guiar toda a sua vida? Parece ser porque sentiam que as palavras ouvidas no coração e experimentadas na fé eram palavras inspiradas e portanto não podiam se perder.
Da inspiração nos dizem a Fisiologia e a Bíblia que tem a ver com o ar em nossos pulmões. Desse ar sem o qual não se vive, diz a Bíblia que é como o próprio Espírito de Deus, o qual leva e traz a vida, sem se saber de onde vem nem para onde vai. Sob a força da inspiração, os profetas