As cronicas - de lima barreto

397 palavras 2 páginas
As crônicas de Lima Barreto são um painel

crítico do Brasil no início do século XX

Mulato, funcionário público de parcos rendimentos, alcoólatra, o carioca Lima Barreto é o grande marginal da literatura brasileira. E não por pose: ele sonhava com um reconhecimento que não encontrou nos breves e preconceituosos anos de sua vida, de 1881 a 1922. Tentou até entrar na Academia Brasileira de Letras, sem sucesso, em 1919. Não é de estranhar, portanto, que as crônicas que escreveu para diversos jornais e revistas, de 1890 até as vésperas da morte, tenham sua dose de ressentimento. Os dois volumes de Toda a Crônica (Agir; 598 e 606 páginas; 72,50 por livro ou 125 reais a caixa com ambos) revelam um ódio vitriólico contra as elites cariocas. "A nossa burguesia republicana é a mais inepta de todas as burguesias", afirma o autoproclamado anarquista. Outras crônicas deixam transparecer o desprezo pelos medalhões da literatura nacional – Coelho Neto, o literato da hora, é um dos alvos preferenciais do deboche de Lima Barreto. O que mais impressiona, porém, é a lucidez com que o escritor dá vazão a sua raiva. Sua crônica é um dos melhores painéis críticos do Brasil – e, em especial, do Rio de Janeiro – no início do século XX.

Organizada pelas pesquisadoras Beatriz Resende, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e Rachel Valença, da Fundação Casa de Rui Barbosa, essa é a primeira coletânea completa das crônicas desde aquela montada por Francisco de Assis Barbosa, biógrafo de Lima Barreto, em 1956. Em ordem cronológica, a nova edição traz alguns textos inéditos em livro, como a crônica A Minha Alemanha, na qual Lima Barreto ataca a perspectiva estreita dos nacionalistas (que ele, aliás, já satirizara no romance Triste Fim de Policarpo Quaresma). O escritor estava ali para atacar outras piores estreitezas: contesta a pseudociência racial de seu tempo e o direito do marido de matar a esposa adúltera para "lavar a honra". A sucessão de desgraças que foi sua biografia

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