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Policiais recorrem ao 'kit flagrante' para encobrir execuções
De 23 casos analisados, 21 acabaram em condenações de PMs que fingiram tiroteios para justificar assassinatos
Protesto em agosto de 2014 pela morte de dois pichadores pela PM. / ELIÁRIA ANDRADE (FOLHAPRESS)
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Um revólver com a numeração raspada, uma dúzia de cápsulas de cocaína, pedras de crack ou trouxas de maconha. Junte alguns desses “ingredientes” e coloque ao lado de um corpo crivado por balas. A receita de policiais para tentarem se livrar de uma execução está pronta.
Batizado por milicianos de kit flagrante ou kit vela (que seria acesa para um defunto) o artifício ilegal tem sido cada vez mais usado por PMs que tentam encobrir execuções de cidadãos em São Paulo. Um levantamento feito pelo EL PAÍS nas Justiça Militar e no Tribunal de Justiça paulista, mostra que de 2008 a 2014 ao menos 23 casos de fraudes processuais durante um homicídio cometido por PMs foram analisados pelo Judiciário. Destes, 21 acabaram em condenação e dois em absolvição. No ano passado aconteceram mais dois casos que ganharam rápida repercussão midiática e ainda estão sob investigação policial.
A fraude é feita da seguinte maneira: um ou mais policiais atiram em uma pessoa e, antes da chegada do socorro ou da perícia, simulam um tiroteio com uma arma não registrada e a deixam ao lado do cadáver. Em algumas ocasiões jogam amostras das drogas para dizer que a vítima da suposta troca de tiros era um traficante que reagiu a uma abordagem policial.
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