Artigo sobre o documentário "palavra encantada"
Esse estudo toma como base o documentário Palavra (En)cantada, que percorre a trajetória da música brasileira e especialmente, a relação entre poesia e música. O filme conta com depoimentos de grandes nomes da cultura brasileira, como: Adriana Calcanhotto, Chico Buarque, Lenine, Maria Betânia, entre outros. É por meio de histórias, canções e imagens exibidas que percebemos a importância dessa mistura de literatura e música, que apesar de alguns conflitos, como quando Chico Buarque transformou, sem a permissão do autor, a obra de João Cabral de Melo Neto, Morte e vida Severina, em música e fez muito sucesso, essa dupla de arte existe até hoje.
Essa sintonia entre palavra e som teve início há muito tempo, mais especificamente no século XII, quando surgiu o Trovadorismo, primeira manifestação literária da língua portuguesa. Na lírica medieval, os trovadores eram os artistas de origem nobre, que compunham e cantavam, com o acompanhamento de instrumentos musicais, as cantigas (poesias cantadas). “Qualquer pessoa que canta o que compõe é descendente direto do trovador.” são palavras de Lenine quanto à origem dessa arte.
Gaia ciência, que quer dizer um saber alegre, é o modo como o trovadores chamavam o seu fazer poético-musical, por ser uma forma de conhecimento e alegria ao mesmo tempo. José Miguel Wisnik cita um trovador: “Poesia sem música é como um moinho sem água, pois deve ter algo do movimento, do ritmo, da pulsação da poesia que passa pela música, e as duas coisas dependem uma da outra”, não seria exagero então dizer que palavra e som se completam, mesmo que seja pela simples sonoridade de uma rima num poema.
Esse impulso de transmitir a alta poesia através do som e do canto permanece, é o que se pode dizer de Chico Buarque e Caetano Veloso. Através disso é possível juntar a cultura letrada e a cultura oral. Em um país com forte cultura oral como o Brasil, a música popular pode ser a grande ponte para a poesia e a literatura, pois ela tem