Artigo sobre Guto Lacaz
Poeta-pensador-mestre-de-obraaprendiz-de-ofício da boa forma arquitetônica
A discussão sobre a participação da política na arte é freqüentemente posta em pauta. Saber se o vínculo entre os dois termos é possível, se a arte pode tratar bem de temas políticos, se não tratá-los a faz alienada, tudo isso é parte das discussões sobre o assunto. Guto Lacaz não é um artista político. Em sua obra não vemos temas tais como globalização, ecologia, guerras, miséria, questões sociais sendo explicitamente tratados. A dimensão política de sua obra reside no tipo de relação que ela mostra entre o artista e o mundo. As exposições da produção artística de Guto Lacaz (objetos e instalações) caracterizavam-se pelo uso de objetos cotidianos como matéria prima. Papel higiênico, aspiradores de pó, bolinhas de isopor, lata de óleo, tudo vira criação e arte na mente a nas mãos de Guto Lacaz.
Carlos Augusto Martins Lacaz, ou Guto Lacaz, como é conhecido, é arquiteto de formação, formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, em São Paulo, e isso faz dele um depositário de uma tradição do pensamento arquitetônicourbanístico. De ser inteiro. De estar por inteiro, desde a intenção até a concretização da forma.
Desenhos, objetos, esculturas, pinturas, gravuras, performances, instalações e um sem número daqueles tipos de itens “malcomportados” que resistem à tentativa de classificação. Assim, com exuberância, traduz uma forma extremamente refinada de representar a arquitetura: a estrutura arquitetônica, ou, simplesmente, arquitetônica. Isto é, uma estrutura interna, bela e suficiente em si, que se encontra escondida na forma do objeto, do edifício, da cidade, do pensamento, da palavra.
Guto Lacaz um dia foi comparado a um cirurgião: “O cirurgião é aquele que age sobre um corpo doente para restituir-lhe a saúde. Para tanto, precisa conhecer intimamente esse corpo, seu funcionamento, potencialidades e