Artigo nanã
Em todo panteão africano há certos mistérios em torno dos Orixás, seja nos seus fundamentos, seja nas lendas, nos cânticos, ou até mesmo nos Orixás, propriamente ditos. Todavia, dentre todos os Orixás, Nanã é a mais enigmática, misteriosa e também, por se assim dizer, a mais importante Yabá, pois como Divindade mais velha, é o inicio, a matéria-prima, a primeira mãe da humanidade.
Nos primórdios da Terra, ao ceder o barro, seu elemento, Nanã participa juntamente com Oxalá da criação do Homem, impondo-lhe que o barro lhe fosse devolvido no fim da vida. Sendo assim, indispensável sua participação na criação do homem, daí, deriva sua importância nas religiões de matriz africana.
Mãe das mães, Nanã representa a memória dos nossos ancestrais, e consequentemente, nos ensina o respeito aos mais velhos e à hierarquia, nos concede a sabedoria que somente a experiência pode nos dar e nos deixa de herança o valor dos ensinamentos passados no dia a dia, assim como uma mãe ou uma vó instrui seus descendentes através das gerações. Exatamente como na Almas e Angola, que também perpetua seus ensinamentos e fundamentos através de séculos de história, luta e perseverança, adaptando-se aos novos tempos, mas sem perder a verdadeira raiz, a pedra fundamental, ou no caso, o barro primitivo de Nanã.
A “Vó da Umbanda” – como carinhosamente a chamamos – possui um papel todo especial na Almas & Angola, além de estar num lugar especial no altar, mais “elevado” que os demais Orixás, (juntamente com Oxalá), também possui a característica de ser uma Orixá bielemental, regendo a água e a terra, daí seus principais elementos e locais sagrados: o barro, o lodo, as águas paradas, o pântano, os fundos dos rios e mares. Senhora do equilíbrio, Nanã rege a vida e a morte, o inicio e o fim, predomina na maturidade e no renascer, confere a vida a quem merece, e subtrai a existência se julgar necessário. Responsabilidade e coerência são suas