Artigo Hip Hop Uma Batida Contra Hegem Nica Na Periferia Da Sociedade Global

5488 palavras 22 páginas
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Natal, RN – 2 a 6 de setembro de 2008

Hip-hop: uma batida contra-hegemônica na periferia da sociedade global 1
Marianna Araujo2
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ
Resumo
A partir dos conceitos do pensador italiano Antonio Gramsci e das contribuições de teóricos da cultura popular, como a noção de “conformismo e resistência” utilizada por
Marilena Chauí, este estudo analisa o movimento hip-hop existente nas favelas da cidade do Rio de Janeiro, partindo da premissa de que a realidade do processo cultural desenvolve papel relevante na dimensão da luta política, seja para legitimar a ordem vigente ou para contestá-la. Pretende-se mostrar como o movimento hip-hop se constitui em uma importante manifestação cultural das comunidades periféricas da cidade, e que assim como toda forma de expressão da cultura popular, ele também é permeado por traços de negação e de aceitação da cultura dominante.
Palavras-chave: favela; hip-hop; cultura popular.
Entre as vozes que se cruzam na cacofonia urbana da sociedade globalizada, há uma que se sobressai pela sua radicalidade marginal: o rap. A moderna tradição negra dos guetos norte-americanos é, hoje, cantada pelos jovens das periferias de todos os quadrantes do globo. Mas diferentemente das estereotipias produzidas pela nação hegemônica e difundidas em escala planetária, a cultura hip-hop costuma ser assimilada como uma fala histórica essencialmente crítica por uma juventude com tão escassas vias de fuga ao sempre igual. Quando, por exemplo, jovens de uma favela brasileira incorporam esta linguagem tornada universal, por mais que a sua realidade seja diferente daquela dos marginalizados do país de origem, a forma permanece associada a um conteúdo crítico – uma visão de mundo subalterna e freqüentemente subversiva. A esse fenômeno poderíamos chamar de globalização

Relacionados