Artigo de opinião
Dar aula. Algo extremamente interessante. Controverso. Assustador. Sempre achei, quando comecei minha profissão, que seria totalmente incapaz de dar uma aula. Achava algo totalmente surreal. Longe das minhas possibilidades. Quem diria. Aqui estou: na sala de aula.
Sempre achei das profissões mais dignas. Por isso, em hipótese alguma, me achava digno de ser professor. Sempre ajudei colegas, também em aulas particulares, nas matérias que mais dominava... Mas não me achava digno de dar aulas. Sempre busquei entender as dificuldades daqueles que me rodeavam e aconselhar àqueles que me procuravam. Nunca, contudo, me achei no poder e segurança de ministrar aulas.
Tudo isso porque sempre tive bem certo em minha cabeça o que era dar uma aula. Sempre tive muito bem claro o que era ensinar. Um dia li um texto de um dos mais célebres professores que tive: Rubem Alves, com suas crônicas: “Quando se admira um mestre, o coração dá ordens à inteligência para aprender as coisas que o mestre sabe. Saber o que ele sabe passa a ser uma forma de estar com ele”.Nossa! Estava aí a definição, ou melhor, a função de um verdadeiro Mestre. Esta função é “motivar”, dar a vontade de buscar o aprendizado; dar o gosto por descobrir novos universos. Sempre tive bem claro isso.
Jovem, formado apenas de idealizações; desejos de mudança. Estas características me povoavam o coração quando, mesmo consciente da incapacidade, adentrei a sala de aula. Foi duto vencer a dificuldade de se sentir incapaz, impossibilitado. Achava que só “os mais dignos” poderiam ensinar. Não me acho tanto. Enfrentei o desafio, ainda incerto de ser esta a real vocação de minha vida, mas motivado por vários mestres, que conseguiram me fazer devorar o pão do saber, eu queria, obviamente, continuar o legado daqueles que têm esta mesma profissão: construir homens. O maior de todos os mestres que tive foi a minha mãe. Disso eu tenho certeza.