Artigo cientifico sobre poliomielite
Se, na primeira metade do século XX as discussões sobre a poliomielite no Brasil se davam basicamente no âmbito médico e giravam principalmente em torno de modelos científicos explicativos da doença e sua forma epidêmica de incidência, na segunda metade do século, a aquisição de novas tecnologias vacina, vigilância epidemiológica e diagnóstica laboratorial do poliovírus deslocou o âmbito da discussão para a área da saúde pública e possibilitou o estabelecimento de políticas de controle da doença no país.
Procuramos, neste artigo, identificar os primeiros registros de surtos dessa doença no Brasil e os modelos científicos para sua compreensão nas primeiras décadas do século XX. Algumas epidemias e as respostas sociais que provocaram são estudadas à luz das sugestões de Charles Rosenberg, que analisa o episódio epidêmico como 'incidente dramático'. A identificação de um novo modelo científico para a pólio, ou seja, a reorientação de sua concepção como uma doença entérica, na década de 1940 aliada ao desenvolvimento da técnica de cultura em tecido do poliovírus abriu a possibilidade de elaboração de uma vacina que se tornou realidade na década de 1950, com o registro de duas vacinas eficazes contra a poliomielite: a Salk e a Sabin.
Analisamos, a partir daí, os desdobramentos possíveis na história da poliomielite no Brasil em direção ao seu controle, isto é, os caminhos que levaram, primeiramente, ao plano nacional de controle da doença, e, posteriormente, ao projeto de erradicação da poliomielite, iniciado pelo seu controle efetivo a partir de 1980, com os dias nacionais de vacinação.
As fontes utilizadas foram, principalmente, artigos científicos, depoimentos orais, documentos oficiais e matérias jornalísticas.
Modelos científicos da poliomielite no início do século XX
Enquanto o higienismo e a bacteriologia conquistavam vitórias sobre as doenças infecciosas, a poliomielite desafiava médicos e cientistas, pois, além de não se enquadrar no modelo