Artes textil
Ana Paula Cavalcanti Simioni2 Resumo O artigo pretende discutir o modo como a disciplina história da arte é perpassada pela dimensão do gênero, particularmente em se tratando das obras de arte têxteis, tradicionalmente menos valorizadas por serem associadas a faturas e meios “naturalmente” femininos. Tal caso é esclarecedor do quanto, historicamente, a disciplina baseia-se em uma hierarquia de objetos que é construída mediante categorias que transcendem os limites do que é “puramente estético”. A trajetória de Regina Gomide Graz – a introdutora das artes têxteis modernas no Brasil – permitenos pensar a gênese das categorias valorativas e a maneira como, concretamente, as artistas do sexo feminino puderam negociar posições específicas dentro dos circuitos modernistas, lidando com diversas ordens de injunções sociais, como as limitações colocadas pelas parcerias artísticas, a divisão sexual do trabalho daí decorrente e os discursos socialmente disseminados sobre o que constituía uma arte “feminina”. Palavras-chave Regina Gomide Graz, arte têxtil, gênero, modernismo, art déco, sociologia da arte.
1 Este artigo é fruto da pesquisa que venho desenvolvendo como docente da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Muitos dos dados aqui analisados só puderam ser obtidos mediante o inestimável apoio da FAPESP que me concedeu, entre janeiro e fevereiro de 2006, uma bolsa para realização da pesquisa nos arquivos de Genebra, Suíça. Sou ainda profundamente grata a Annie Graz que, muito amavelmente, cedeume uma documentação inédita sobre a artista Regina Gomide Graz, a qual pertence ao acervo do Instituto John Graz. Sem esses dois apoios a pesquisa teria sido impossível. 2 Doutora em Sociologia pela USP, docente da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo.
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Regina Gomide Graz: modernism, textile art and gender relations in Brazil
Ana Paula Cavalcanti Simioni Abstract