ARTECIÊNCIA .. UMA CONSCIÊNCIA
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Julio PlazaARTE/CIÊNCIA: UMA CONSCIÊNCIA
Artista multimídia e Professor Titular (aposentado) da Escola de Comunicações e Artes da USP
"Não há solução porque não há problema.”
Marcel Duchamp
ARTE E INSTITUIÇÃO: CONFLITO DE MODELOS
O modelo medieval de ensino da arte tinha como característica a relação direta e pessoal entre mestre e discípulo, visava a convivência técnica e o aprendizado através das encomendas de obras de arte. A este sucede-lhe o modelo da Academia no século XVI (Roma, Florença, Bolonha) que dispõe os saberes e fazeres em disciplinas organizadas, tendo como finalidade a complementação teórica e intelectual do trabalho meramente artesanal dos ateliês. Já o termo "Beaux-Arts" foi instituído pela Académie Royale de Paris (1648) tornando-se rapidamente universal, mas é no século XVIII que as academias conhecem o máximo de prestígio que coincide com a mensagem do Iluminismo em favor de uma cultura laica, enciclopédica e universal. O declínio verifica-se no século XIX com o romantismo que procura uma arte liberta de regras ("a arte não pode ser ensinada"). Inaugura-se então o período de oposição às academias, seguido depois pelas vanguardas que rejeitam sua função bem como os seus métodos (Enc. de l'Art, 1991: 2-3).
Com o surgimento de novos canais de distribuição e promoção de arte
(galerias e salões de exposições, etc.) as academias são condenadas a uma sobrevivência medíocre, mesmo ao ostracismo. Já o sistema mercadológico e democrático herdado dos salões, museus e galerias, assume a arte como mercadoria cujo valor artístico é estabelecido na bolsa de valores e tem como centro a mídia e seu colunismo social (o "beau monde"), serve também ao poder e à lavagem de dinheiro.
Com a democratização da arte, numerosas pessoas procuram uma formação artística para desenvolver as suas expressões em ateliês de artistas (adaptação do paradigma medieval) de forma quase autodidata ou bem como "arteterapia".
Também, a crise da arte na contemporaneidade é