Arte e midia locativa no b
Arte e Mídia Locativa no Brasil1
André Lemos2
Resumo: O atual estágio do desenvolvimento das tecnologias digitais móveis configura-se como uma nova fase da cibercultura, a da internet das coisas. Utilizarei aqui a metáfora do download do ciberespaço ou como diz Russel (1999), da internet “pingando” nas coisas, para mostrar que a antiga discussão sobre a constituição de um mundo a parte com o surgimento do ciberespaço parece estar em questão com a virada espacial que os estudos das mídias locativas trazem para o debate contemporâneo. Vamos examinar o uso de tecnologias e serviços baseados em localização no contexto brasileiro, apontando para trabalhos de artistas que tensionam questões como espaço, lugar, comunicação e mobilidade. Para tal, usaremos um exemplo hipotético no mercado da Av. Afonso Pena em Belo Horizonte.
Palavras-Chave: Mídia Locativa, Brasil, Cibercultura
“The internet has already started leaking into the real world”
Ben Russel (1999)
Download do Ciberespaço nos Territórios Informacionais.
A discussão sobre a relação entre espacialidade e mídia não é nova. É bem conhecida as formas de produção social do espaço pelas mídias de massa (jornais, rádio, TV, telefone, telégrafo, correios). As mídias conformam a percepção do espaço e a própria subjetividade em um jogo de espelhos mostrando nosso lugar no mundo (em relação a outros lugares no mundo), a nossa identidade (em relação a outras culturas), além de organizar o arranjo espacial da sociedade, das cidades e das instituições. O lugar deve, desde sempre, ser entendido como fluxo, evento (Thrift, 1999, Massey, 1997, Shields, 1991, Dourish et al.,
2007), cruzamentos de territorialidades, sempre aberto e sujeito aos agenciamentos midiáticos. Novas mídias produzem novas espacialidades.
A cibercultura, desde sempre, trouxe em seus primórdios questões ligadas ao espaço, a ponto de muitos autores a