Arte de cuidar: uma carência atual
Os problemas decorrentes de uma relação médico-paciente inadequada são inúmeros, desde imprecisão para se fazer o diagnóstico até processos contra médicos. Os avanços tecnológicos da medicina e a organização da saúde no país têm contribuído para uma maior discussão sobre o tema. A partir do texto “A arte de cuidar”, de autoria do Dr. Fernando MF Oliveira, Coordenador da COREME do HMIMJ e médico há mais de 27 anos, é possível concluir a necessidade de recuperação da característica humana na atividade médica e de se trabalhar o ser humano em sua compreensão holística.
O autor faz uma abordagem sobre como a arte de cuidar resgata o aspecto humanista da profissão e como dignifica o médico, contribuindo para a construção de sua imagem como um herói ou um santo. Outro foco são as causas do abandono dessa arte, sendo citados o “endeusamento” da tecnologia e da técnica e a massificação do atendimento como fatores determinantes. Por fim, são mencionados os resultados desse comportamento, sendo os principais: a perda da credibilidade e da boa imagem do profissional, a falta de confiança e de admiração do paciente com o médico e a inabilidade de enxergar o paciente integralmente como ser humano.
Os questionamentos propostos na publicação e os argumentos de autoridade conduzem o leitor a uma reflexão atual e pertinente: “por que a saúde, apesar de todos os avanços tecnológicos, ainda apresenta tantas falhas?” A interpretação do texto permite relacionar a resposta dessa questão à sobrecarga dos Prontos-socorros, à atividade massacrante e exaustiva exigida dos médicos, aos prejuízos na qualidade de vida do profissional pelo excesso de trabalho e à desvalorização do generalista em relação ao especialista.
Ademais, a menção ao dever médico de se manifestar sobre as injustiças sociais e as necessidades dos mais fracos e de desenvolver a qualidade de empatia reforça a tarefa de se reconstruir o cuidado e a atenção no exercício médico