Arte Barroca Jesuíta
A epopéia missionária Jesuítica e suas imagens
Ao contrário das ordens religiosas vistas até agora, cuja instalação no Brasil acompanha o ritmo do povoamento, os jesuítas tinham um projeto definido de atividade missionária, que freqüentemente conflitava com os interesses imediatos do sistema colonizador português. No cerne desses conflitos estava a decidida defesa dos índios, cuja evangelização constituía a meta prioritária da ordem no Brasil. Essencialmente missionário no ponto de partida, o projeto jesuítico desdobrou-se em pedagógico-institucional na atividade complementar dos colégios para "ensino dos colonos" nos centros urbanos litorâneos, sem perder de vista o objetivo básico da catequese. Em ambas as frentes sua eficiência revelou-se muito superior à das outras ordens, em virtude de uma organização centralizada e disciplinada, aliada a métodos mais modernos ditados por uma nova visão humanista, de abrangência planetária, como convinha à era da grande aventura dos descobrimentos marítimos.
Um dos segredos da eficiência jesuíta foi à capacidade de adaptação à natureza, completamente diferente da européia, cujas condições às vezes chegavam a ser bastante adversas. Na América Latina, foram os únicos a dominar as línguas nativas e a obter resultados positivos em experiências de enquadramento da mão-de-obra indígena, experiências essas que no campo da imaginária religiosa tiveram o ponto alto na chamada Escultura Missioneira dos Sete Povos das Missões, no Rio Grande do Sul.
O caráter essencialmente didático e freqüentemente retórico da imaginária jesuíta vincula-se às atividades básicas da catequese e ensino pedagógico que caracterizam a ordem. A imagem jesuíta ensina, apoiando a instrução catequética nos aldeamentos indígenas que constituíram a modalidade mais difundida de atividade missionária na Colônia brasileira. Mas também impressiona e convence, do alto dos monumentais retábulos que lhe servem de suporte nas igrejas dos colégios