Para Aristóteles, toda e qualquer ação humana pode ser explicada pela conjunção simultânea de dois fatores, a saber, o fator desiderativo (o desejo, a vontade) e o fator racional (a racionalidade prática). Para Aristóteles, os desejos são responsáveis por oferecer as finalidades para as ações. São, além disso, de três diferentes tipos. Desejos imediatos são aqueles da ordem do apetite, geralmente, ligados às necessidades fisiológicas do corpo. Por exemplo, a fome. As reações diante de determinadas situações são outro tipo de desejo para o filósofo. Para exemplificar, podemos citar a impaciência diante de uma fila de supermercado. Por fim, os nossos desejos mais complexos são os desejos racionais, ou, dito de outra maneira, desejos de médio e longo prazo. Estes desejos são especiais porque nos projetam para o futuro, exigem que pensemos na nossa vida enquanto um todo. A racionalidade prática, por outro lado, é responsável por achar os meios mais adequados para a realização do fim posto pelos desejos. O resultado final deste processo de deliberação, de decisão a respeito dos melhores meios para a satisfação do desejo que originou o ímpeto à ação, é a decisão deliberada. Esta faz com que o sujeito passe a se comportar de acordo com a decisão tomada. (Para Aristóteles, o choque entre os desejos imediatos e os desejos racionais mostra não apenas que estamos abertos para o futuro: ele mostra que temos consciência de nossa vida como um todo.). Para Aristóteles, não há escolha: sempre decidimos por um ou por outro modo de vida, sempre já colocamos uma finalidade (ou várias) para a nossa vida como um todo (finalidade também conhecida como “felicidade”). Além disso, em um argumento mais complexo, Aristóteles afirma, em primeiro lugar, que toda ação pode ser explicada ao perguntarmos por sua finalidade e, em segundo lugar, que as finalidades de ações mais simples e cotidianas podem ser explicadas por finalidades cada vez mais abrangentes (sendo a última destas