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O TRATADO DO INFINITO (FÍSICA III, 4-8)
Arlene Reis, Fernando Coelho e Luís Felipe Bellintani Ribeiro
Tradução a partir da edição do texto grego: Aristotelis Physica. Recognovit brevique adnotatione critica instruxit W. D. Ross. Oxford: Oxonii e Typographeo Clarendoniano,
1992.
Arlene Reis possui doutorado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e é professora da Universidade Federal de Santa Catarina.
Fernando Coelho possui graduação em Filosofia, em Letras - Francês e mestrado em Estudos da Tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009).
Luiz Felipe Bellintani Ribeiro possui Doutorado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro e é professor associado da Universidade Federal Fluminense , Brasil.
ARISTÓTELES - O TRATADO DO INFINITO
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[202b 30] Visto que a ciência acerca da natureza versa sobre as grandezas, o movimento e o tempo, sendo cada um destes necessariamente ou infinito ou finito, ainda que nem tudo seja infinito ou finito, como a afecção ou o ponto (pois talvez nenhuma destas coisas seja necessariamente ou um ou outro), seria conveniente que
[35] aquele que se ocupa da natureza contemplasse o infinito, se existe ou não, e, se existe, o que é. Há um sinal de que é próprio dessa [203a] ciência a contemplação acerca do assunto, pois todos os que parecem ter tocado dignamente tal filosofia compuseram um discurso acerca do infinito, e todos o estabeleceram como um princípio dos entes, alguns dos quais, como os Pitagóricos e Platão, o estabeleceram como um princípio por si mesmo, não como [5] acidente de outra coisa, mas como sendo o próprio infinito uma substância (ousía). Salvo que os pitagóricos o colocam nas coisas sensíveis (pois não estabelecem o número como separado) e dizem também ser infinito o que está fora do céu; ao passo que Platão, por considerar não haver nenhum corpo fora do céu, nem tampouco as ideias, [10] porque estas não estão em lugar algum, diz