Argentina, brasil e méxico: a face da crise internacional
Pierre Salama1
Desde que a crise dos créditos hipotecários explodiu e que a recessão começou a se precisar com maior clareza nas economias desenvolvidas, muitos economistas consideraram que as economias emergentes não seriam ou seriam pouco afetadas. A melhora da maior parte dos indicadores de vulnerabilidade, bem como o bom nível dos fundamentos (excedentes da balança comercial, retomada do crescimento e manutenção de uma taxa de inflação em nível pouco elevado, diminuição mais ou menos pronunciada da pobreza) deveria preservar as economias latino-americanas dos efeitos nocivos de um possível contágio. Alguns economistas consideraram que as economias emergentes de uma maneira geral, a China e a Índia mais particularmente, poderiam constituir uma “oportunidade” para as economias desenvolvidas e as ajudar a sair de suas respectivas crises. Tal era, por exemplo, a posição defendida pelos economistas da Goldman Sachs: a China, a Índia, “motores” do crescimento mundial, ofereciam mercados suficientes para compensar os efeitos negativos da crise financeira sobre a rentabilidade das empresas dos países desenvolvidos. Assim, as economias emergentes, seja mais “solidas” que antes e, portanto menos vulneráveis, seja “motores” do crescimento, não somente não deveriam sofrer, ou pouco sofreriam a crise financeira, antes pelo contrário essas economias poderiam “ajudar” os países desenvolvidos a ultrapassar os feitos negativos de suas crises financeiras sobre suas taxas de crescimento. Outros economistas, ainda que muito raros, apresentavam essas proposições com maiores nuances: todos os países não se encontrariam exatamente na mesma situação, e, para ficarmos na América Latina, alguns deles estariam mais vulneráveis que outros, e para os mais prudentes, a amplitude da crise financeira atual se constitui em uma variável importante a ser levada em conta. Uma crise financeira “crescente” como aquela que afetou as bolsas