Aquecimento global
Na região metropolitana de SP, o registro de chuvas intensas teve crescimento 3,5 vezes maior do que a média
Ricardo Mioto, Folha de S.Paulo, 13 de janeiro de 2011
A mudança climática, ao fazer com que tempestades se tornem mais comuns, deixa regiões serranas como a do Rio mais vulneráveis. No caso de megacidades como São Paulo, o aquecimento global se soma ao excesso de concreto, tornando os temporais ainda piores. Quem mostra a relação entre clima, concreto e chuvas fortes são os climatologistas.
Com o aumento geral da temperatura do planeta, nas palavras de Kevin Trenberth, do Centro Nacional para Pesquisa Atmosférica dos EUA, “o calor extra tem de ir para algum lugar. Parte dele vai para a evaporação e, assim, causa mais chuva”.
VERDE
Nova Friburgo e Teresópolis, cidades encravadas em uma região propícia a deslizamentos, são, então, vítimas cada vez mais fáceis de tragédias. Essas cidades, porém, têm uma vantagem: são áreas urbanas pequenas, cercadas por áreas verdes. Fossem megalópoles, as chuvas seriam ainda piores.
Isso porque, em cidades grandes como a capital paulista, um fenômeno chamado ilha de calor urbana torna as enchentes mais cruéis.
Grosso modo, como o concreto retém mais calor do que a vegetação, a temperatura na cidade é mais alta, e esse calor extra se soma ao do aquecimento global, fazendo ainda mais água evaporar. A umidade do ar aumenta, e as chuvas pioram. Além disso, claro, o concreto atrapalha o escoamento da água.
Os dados do climatologista do Inpe Carlos Nobre mostram as mudanças no padrão de chuvas que a mudança climática causou: não há, por exemplo, registros de precipitações de 50 mm em um dia na cidade na década de 1930.
Na década de 1990, chuvas assim já eram consideradas comuns. São Paulo foi deixando de ser a “terra da garoa” e se encaminhou para ser a “terra da tempestade”, como se viu nos últimos dias.
As ilhas de calor são, então, poderosas. Elas fazem com que a diferença