Apontamentos Modernismo E Pessoa Orto Nimo
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PORTUGUÊS EXTERNATO CRISFAL 12º ANOO(s) Modernismo(s)
Por volta de 1910 a natureza humana terá mudado. Tal traduz o sentimento de que tudo mudara na Europa entre 1890 e 1930: o tráfego automóvel encheu as cidades; muitos camponeses deixaram os campos; muitas pessoas imigraram; as mulheres das classes médias começaram a trabalhar fora de casa e a estudar; o sufrágio universal fortaleceu-se; e os escritores e pintores declararam ruidosamente o seu desprezo pelas seculares regras de gramática e da perspetiva, produzindo então novelas sem intriga e quadros que pouco ou nada parecem representar. O cenário era assim de desarrumação social em consequência de um estrondoso crescimento populacional e económico. A população europeia era então mais numerosa, mais urbana, mais velha, exemplo de uma maior esperança média de vida e ansiosa por bem-estar – o que traduzirá essa mudança na natureza humana. A Europa e o Mundo viviam por isso numa época maçada por um clima de euforia e otimismo mas de grandes problemas, nomeadamente no que diz respeito a crises cíclicas de superprodução que promovem miséria social, crises de habitação e grandes movimentos migratórios. Em Portugal agudizou-se assim o sentimento de degradação e decadência da pátria que marcará a literatura já desde a época de Eça de Queirós ainda no século XIX. No mundo faz-se sentir assim uma forte crise de consciência, uma crise da Razão, que gerou um reforço das atitudes filosóficas pessimistas, marcadas por um clima de ceticismo em relação à Razão, à Moral e até à Ciência. É assim que se desenvolvem as ciências sociais e na literatura e nas outras artes surgem novos conceitos anti tradicionais que propõem novos caminhos estéticos.
A literatura é agora encarada como linguagem que se constitui a partir de um vazio através da transfiguração, transformação ou fingimento. Não é agora apenas a expressão da vivência de um Eu como sucedera, por exemplo, durante o Romantismo. Segundo Jacinto do Prado Coelho, o