Apeteces Me N1 Laura Azevedo 01

Nº 1

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apetece(s)-me laura azevedo
- texto e ilustração -

apetece(s)-me
Hoje, apetece(s)-me.
Apenas porque sim.
Apenas porque me faz(es) sorrir.
Apenas porque amanhã tudo pode ser diferente.

laura azevedo

- texto e ilustração -

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apetece(s)-me

“Qual o maior pecado que cometeste até hoje?”. Perguntaste-me, um dia. Respondi-te: “Amar-te tanto.” Ficaste a olhar para mim com um sorriso doce nos olhos e abraçaste-me com uma gargalhada: “Esse não conta. Esse é dos melhores que pode haver. Diz-me outro.” Respondi-te que o maior pecado tinha sido comer três chocolates de seguida. Sorriste, em jeito de consentimento.
Durante anos, lutei para que este sentimento não tomasse conta de mim.
Mesmo quando sentia que a minha paixão, por ti, me levava a oscilar entre extremos. Extremos violentos, abruptos, que me faziam espernear por dentro, que viravam o mundo inteiro contra mim. Pelo menos, dentro da minha cabeça. Esta paixão doente, assoladora, que desconfiava de cada telefonema, de cada atraso de cinco minutos, de cada adormecer tarde. Esta obsessão de te querer sempre perto, sempre meu, cego para o mundo e ávido por cada detalhe meu. Apenas meu.
Se não era a Madalena, seria a Ana. As vozes, dentro da minha cabeça, a gritarem-me suposições. As vozes que não me deixavam dormir, que me faziam ficar horas ao teu lado, na cama, a olhar para ti, para ontem. A medir possibilidades. A refrear emoções. A dizer-me a mim própria que esta raiva, que sinto, que é uma paixão cega e desmedida, iria, um dia, ser o meu fim.

laura azevedo
- texto e ilustração -

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apetece(s)-me
O meu maior pecado é amar-te tanto. Hoje, compreendes o tanto que estava por trás destas palavras? Com o teu sangue nas minhas mãos, à procura de calar as vozes ensurdecedoras na minha cabeça. A tentar que as noites sejam de novo sono e calma. A querer parar esta doença de não te saber ter perto. A procurar no teu fim... o fim desta parte de mim. Entendes agora como a paixão, o