Análise e características de álvaro de campos
967 palavras
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Álvaro de Campos O mais perto, cronologicamente e mentalmente falando, da figura real de Pessoa e conseqüentemente o mais facilmente associável com o homem comum da Era contemporânea. O primeiro livro escrito por esse heterônimo leva o nome de Opiário e relata o uso de drogas americanas que entontecem. Não há, até a data em que esse estudo foi publicado, prova de qualquer natureza de que Fernando Pessoa tenha de fato provado de algum químico que não fora o ocasional fumo e bebida. Além disso, o estado mental relatado por Álvaro é somente uma forma de falar sobre assuntos mais amplos como a fragilidade da existência pessoal ou a rapidez com que uma idéia se perde. Uma ação que adquire muita importância na obra poética de Álvaro de Campos é o de viajar, novamente, essa atividade aparentemente prosaica serve apenas como pano de fundo para idéias de maior grandeza. A viagem em sua obra é tratada sob dimensões metafísicas, onde o homem tenta descobrir uma nação comum a todos dentro dele mesmo. Este heterônimo tem a obra mais vasta dos três, sendo ela dividida em três fases: a primeira é aquela tratada no parágrafo anterior. Na segunda, sua voz poética segue a estética da vanguarda européia Futurista de Filipe Marinneti, mas longe do radicalismo pregado pelo manifesto. O Futurismo pessoano (ou melhor, da pessoa poética de Álvaro de Campos) tem mais a ver com o desejo de progresso técnico- industrial e científico da cidade, em franca oposição ao bucolismo dos outras duas pessoas poéticas dentro de Fernando Pessoa. Finalmente, na terceira e última fase de Álvaro tudo é revestido de um pessimismo claro, como se o projeto pensado por ele para a sua sociedade (e, por conseguinte, seu sentido vital) não tivesse dado certo ou tivesse sido deturpado completamente.
Trecho do poema Tabacaria de Álvaro de Campos (15-1-1928 )
TABACARIA Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.