Análise: A Infinita Fiadeira - Mia Couto
O conto analisado pode ser encontrado no livro “O Fio Das Missangas” de Mia Couto e chama-se “A Infinita Fiadeira”.
O conto narra a história de uma aranha que não é aceita em seu meio social por tratar suas teias não como um modo de sobrevivência e instinto, mas como arte. Ela é transformada em humana, mas novamente acaba por ser incompreendida. Naquela época a arte já não mais era conhecida pelos humanos, tendo sido extinta há muito tempo.
Narrado em terceira pessoa, apresenta um narrador observador, limitando-se apenas a narrar os fatos sem qualquer intervenção sobre as personagens. O foco da narrativa encontra-se na dificuldade da aranha em pertencer-se a um lugar, uma vez que não é aceita no mundo dos bichos, nem no mundo dos humanos. E durante a narrativa inteira é como se esta aranha não pertencesse a lugar algum. Outro ponto importante de ser destacado é a forma como o narrador nos mostra metaforicamente a forma como a sociedade nos julga baseada não só no nosso trabalho, mas também em todas as nossas escolhas.
As personagens não são nomeadas e limitam-se apenas a aranha – sendo esta a protagonista da história, o Deus dos bichos, as outras aranhas, e mais tarde, os humanos. Logo nas primeiras palavras, o narrador caracteriza a Aranha como “única” e a partir daí já podíamos formar a ideia de que esta era a história de uma aranha diferente, especial. Esta Aranha, apesar de ter sofrido todo o preconceito das diferentes sociedades em que viveu, não se deixou abalar. Continuava tecendo suas teias e as abandonando em desuso. E quando arrumaram-na um namorado não foi diferente: ela se apaixonou e o presenteou com uma teia, a que ele escolhesse. Tudo isso nos dá a visão de uma personagem decidida, forte, determinada. Ela faz arte, ela gosta de fazer arte e vai continuar fazendo arte. Porque é isso que ela gosta. Mesmo com todo o julgamento, ela continuava fazendo