Análise sobre Carmina Burana: In Taberna - Estuans interius
Lunielle de Brito Santos Bueno
O documento a ser analisado foi escrito por goliardos, que segundo Jacques Le Goff "são fruto da mobilidade social, característica do século XII" (2003, p.29). O poema entitulado Estuans interius pertence a um códice, Carmina Burana, que significa Canções de Benedikbeuern, ou seja, Canções da Baviera, que tem como intenção expor suas críticas e suas abdicações.
Os pergaminhos do códice foram encontrado em 1803 na antiga biblioteca da Abadia de Menediktbeuern, escrita em latim medieval, tendo em algumas partes o vernáculo alemão e traços franceses. O mesmo era dividido em três partes: Veris leta facies - que seria o encontro do Homem e da natureza -, In taberna - seu encontro com os dons da Natureza - e Amor volat undique - o encontro com o Amor - , porém nos debruçaremos somente a segunda parte, In Taberna.
Em meio a um surto demográfico e crescimento de cidades e comércio se encontra o nascimento de um intelectual diferente, motivado pela ânsia da ciência crítica e impulsionado pelos desejos carnais, os goliardos.
O termo Goliardo, nos aponta Le Goff, deriva de Goliath - ou Golias -, o inimigo de Davi na narrativa bíblica. Eram uma "ordem religiosa" em que temos como principal nome Pedro Abelardo, um catédrico francês do séculos XII que Paul Vignaux caracteriza como o cavaleiro da dialéctica.
Sabendo que na Idade Média todos tinham seu lugar - os que oram, os que lutam e os que trabalham - e reconhecendo o esforço para tanto, os goliardos quebram essa premissa e se tornam os "sem classe", não se encaixando aos padrões até então vigentes impostos pela igreja e pela nobreza. Os mesmos eram de origem diversas ora camponeses, ora citadinos, ora nobres, o que lhes conferiam status de grupo era o desejo do saber, o fato de serem evadidos, sem recursos e seguirem os intelectuais endinheirados que eles consideravam "bons professores".
Tomando por base o filme Em Nome de Deus (1988)