Análise do filme outubro através da semiologia barthsiana

O presente trabalho tem como intenção analisar uma cena em particular do filme Outubro - do diretor russo Eisenstein. Seguindo os princípios da semiologia barthesiana (conceito de corpus – a influência dos Estados Unidos na Revolução Russa -, pertinência - porquê a bandeira americana aparece em uma cena específica - e imanência – houve influência americana na revolução russa) tem-se o intuito de descobrir o porquê da aparição da bandeira dos Estados Unidos mixada à imagens da revolução russa em um filme mudo, onde o uso do choque de imagens tem fundamental papel na transmissão das mensagens ao espectador. Sergei Eisenstein foi um famoso cineasta russo conhecido por revolucionar o modo de fazer cinema – acreditava no poder da imagem e do som para interagir com o espectador – e abordar temas políticos. Nascido em 1898 e filho de pais burgueses, Eisenstein teve uma boa educação, formou-se em engenharia mas nunca abandonou o mundo da literatura e do teatro. Em 1915 foi para Petrogrado, onde se aprofundou nas questões das artes e teve maior contato com diretores vanguardistas como Meyerhold e Yevreinov. De Meyerhold absorveu a esteriotipificação clara dos personagens, marcando características como classe social, profissões entre outros. Para ele o modo como a cena era montada tinha grande importância, pois era ela a encarregada de transmitir os significados aos espectadores, e para isso utilizava recursos como choque entre imagens, objeto de estudo desse trabalho, para estabelecer essa conexão. Em seu filme Outubro, encomendado pelo partido russo para comemorar os 10 anos da revolução, o uso de imagens divergentes é usado durante todo o filme. Um exemplo é a cena em que aparece uma bandeira americana, símbolo de uma sociedade de valores capitalistas, no ápice da revolta do proletariado. Analisando pela semiologia barthesiana, podemos considerar esse aparecimento da bandeira americana um fator perturbante quando colocado em um meio de mensagens socialistas. A