Análise do discurso: seu objeto e seus principais conceitos
Jordana Tavares Silveira Lisboa
Discurso
“Cabe à AD trabalhar seu objeto (o discurso) inscrevendo-o na relação de língua com a história, buscando na materialização lingüística as marcas das contradições ideológicas” (BRANDÃO, 2002:40). Segundo Foucault, cabe à análise do discurso estabelecer as regras que formam um discurso.
Para Possenti, “o discurso é entendido (...) como um tipo de sentido – um efeito de sentido, uma posição, uma ideologia – que se materializa na língua, embora não mantenha uma relação biunívoca com recursos de expressão da língua. É pela ‘exploração’ de certas características da língua que a discursividade se materializa (...)” (POSSENTI, 2002:18). Tem-se na linguagem a materialização do discurso.
Ideologia
A linguagem materializa a ideologia. O papel da ideologia é naturalizar o que não é natural. Ela está a serviço de uma ordem social. “Ricoeur (1977) atribui à ideologia a função geral de mediadora na integração social, na coesão do grupo” (BRANDÃO, 2002:24).
a. “A ideologia perpetua um ato fundador inicial” (BRANDÃO, 2002:24);
b. “A ideologia é dinâmica e motivadora” (BRANDÃO, 2002:24) – “Nesse sentido, ela é mais do que um simples reflexo de uma formação social, ela é também justificativa (porque sua práxis ‘é movida pelo desejo de demonstrar que o grupo que a professa tem razão de ser o que é’) e projeto (porque modela, dita as regras de um modo de vida)” (BRANDÃO, 2002:25);
c. “Toda ideologia é simplificadora e esquemática” (BRANDÃO, 2002:25);
d. “Uma ideologia é operatória e não-temática” (BRANDÃO, 2002:25) – Ela se realiza através de nossos pensamentos, operando por nossas ações; não é um tema pelo qual gastamos tempo pensando;
e. “A ideologia é, poderíamos dizer, intolerante devido à inércia que parece caracterizá-la. (...) O novo põe em perigo as bases estabelecidas pela ideologia. Ele representa um perigo ao grupo cujos membros devem se reconhecer e se