Análise do conto "Em terra de cegos", de H. G. Wells
4151 palavras
17 páginas
Em terra de cego, conto fantástico de H. G. Wells, narra-se a história de Núñez, montanhês que, acidentalmente, vai parar em uma cidade escondida no meio da cordilheira dos Andes, a Terra dos cegos, vale de que se tem conhecimento devido a história contada por um colonizador peruano que chegara até esse lugar fugindo da cobiça “de um malvado governante espanhol” (p. 494). Esse colonizador regressa para o lado de fora em busca de ajuda contra uma doença que começara a se alastrar pelo vale: a cegueira. À procura da cura para tal doença, o mestiço peruano sai do vale, mas devido a erupção do Mindobamba, que separa “para sempre a Terra dos cegos dos passos exploradores dos seres humanos” (p. 492), o colonizador não retorna deixando para trás mulher e filho. É a partir da história que conta sobre a sua chegada no vale perdido no meio dos Andes e a sua busca pela cura da cegueira que surge a lenda de um lugar habitado somente por pessoas cegas. Nesse lugar não havia dificuldades naturais, nem animais peçonhentos. Possui “tudo que o coração humano podia desejar – água doce, pastos, clima ameno, encostas de rico solo marrom com manchas de um arbusto que dava um fruto excelente (...). Nesse vale nem chovia nem nevava” – a descrição da Terra dos cegos, como um ambiente físico perfeito faz uma analogia a uma espécie de paraíso perdido ou mesmo ao jardim do Éden. No entanto, apesar de viver em um paraíso, depois dos casos de cegueira que começam a acometer a população, especialmente as crianças, o colonizador teve que sair desse lugar “para buscar algum encantamento ou antídoto contra essa praga da cegueira” (p.495).
A cegueira que se alastra lentamente pela população do vale é relatada pelo colonizador como um problema advindo de uma punição aos pecados. Aqui podemos fazer uma analogia à tragédia sucedida com Édipo que, após assassinar o pai e cometer incesto com a mãe, arranca os olhos em punição aos pecados cometidos. Ponto significante do conto é que ele parece