Análise behaviorista do filme a vila
Gabriel Baptista
A primeira vista, podemos julgar que o filme A Vila nos apresenta uma sociedade controlada pelo medo. Tal definição, no entanto, não seria correta de acordo com a Análise do Comportamento, visto que devemos sempre buscar uma causa externa para qualquer tipo de comportamento, e não justificá-los através de eventos privados somente. A teoria skinneriana diria que fatores externos são responsáveis por causar os comportamentos apresentados pelas pessoas da vila sem nome no interior da Pennsylvania. Os moradores da Vila vivem isolados do resto do mundo pela floresta que a cerca, a qual não podem atravessar por ser o lar de criaturas ameaçadoras que vivem um período de trégua com os locais: eles não entram na floresta, e as criaturas não os atacam em suas casas. Atos isolados de desrespeito a essa trégua são seguidos por (punidos com) incursões noturnas dos seres ou outras formas simbólicas de ameaças, causando terror na comunidade. Tais monstros, no entanto, não existem realmente e sua invenção é parte de um plano dos anciões da Vila para evitar que os demais moradores se aventurem além de seus limites, protegendo a comunidade do “mundo mal com pessoas más” manifestado nas grandes cidades. Vemos aqui um exemplo de comportamento controlado principalmente por regras, ao invés de consequências. Lendas e mentiras arquitetadas para corroborá-las são usadas para eliminar a predisposição dos moradores a deixar a Vila, fazendo-os acreditarem que entrar na floresta que os cerca resultará em ataques dos seres que lá vivem. Postos de vigias foram colocados em todo o perímetro da Vila (onde os jovens moradores se revezam para manter guarda durante a noite), rituais de sacrifício de animais para agradar os monstros foram estabelecidos, e até mesmo a cor vermelha foi banida da vila por atraí-los. Na prática, tudo isso leva a função de estímulos constantemente evocando nos moradores a contingência