Análisa Um mover d'olhos
Sem ver de quê ; um sorriso brando e honesto, quási forçado; um doce e humilde gesto, de qualquer alegria duvidoso;
Um despejo quieto e vergonhoso; um repouso gravíssimo e modesto; ũa pura bondade, manifesto indício da alma, limpo gracioso;
Um escolhido ousar; ũa brandura; um medo sem ter culpa; um ar sereno; um longo e obediente sofrimento:
Esta foi a celeste formosura da minha Circe, e o mágico veneno que pôde transformar meu pensamento.
Análise Formal
O poema é soneto italiano, ou seja, é composto por 14 versos, 2 quadras e 2 tercetos. Os seus versos são decassilábicos heroicos, ou seja, têm acento na sexta e na décima silaba.
(Cantar o 1ºverso)
O esquema rimático é abba abba cde cde:
(Dizer as palavras que rimam) a – rima interpolada b – rima emparelhada c, d, e– interpolada entre tercetos
As rimas a são pobres, pois todas as palavras são adjetivos.
As rimas b são ricas, pois honesto e modesto são adjetivos e gesto e manifesto são nomes.
A rima c, pois ambas são nomes.
A rima d é rica, pois sereno é um adjetivo e veneno é um nome.
A rima e é pobre, pois ambas são nomes.
Análise Semântica
Vamos dizer o significado de algumas palavras para ser mais fácil a compreensão do poema:
Brando - meigo
Gesto - rosto
Despejo - desembaraço
Sofrimento – paciência
Celeste - divino
Fermosura - perfeiçao
Circe - era, na mitologia grega, uma feiticeira, ou seja, uma especialista em venenos, que deu a beber aos companheiros de Ulisses uma poção mágico que os transformou em porcos impedindo que Ulisses prosseguisse viagem e se afastasse dela.
(Ler 1ª estrofe)
- o sujeito poético refere-se a aspetos exteriores (olhar, riso, rosto) descrevendo fisicamente a amada mas atribuindo sempre qualidades morais (“brando e piadoso”, “brando e honesto”, “doce e humilde”) que sugerem um comportamento de delicadeza, como se estivesse a ser descrita uma mulher quase indefinível (perfeita).