Antune Valdirene
Franciely Costa Braga*
A emersão dos Arranjos Produtivos Locais
Os Arranjos Produtivos Locais se instituem, segundo a literatura dominante, como uma aglomeração de agentes econômicos, políticos e sociais que, localizados bastante próximos, em um mesmo território, estabelecem uma cadeia produtiva especializada em um mesmo segmento econômico, dirigida pelos preceitos organizativos e relacionais da interação, articulação, cooperação, competitividade, sustentabilidade, aprendizagem, inovação, governança e capital social. Preceitos estes que são importados da realidade vivida no norte da Itália, que visam a ordenar a produção descentralizada, característica dos APL.
Na cidade de Pelotas e arredores, esta já é uma realidade bastante consolidada e plural, apresentando-se em vários níveis de participação e organização em diferentes nichos: saúde, agricultura familiar, vitivinicultura.
De acordo com o que apontam Cassiolato, Lastres & Szafiro (2000), as principais peculiaridades de um APL são: a) a dimensão territorial (os atores do APL estão localizados em certa área onde ocorre interação); b) a diversidade das atividades e dos atores (empresários, sindicatos, governo, instituições de ensino, instituições de pesquisa e desenvolvimento, ONGs, instituições financeiras e de apoio); c) o conhecimento tácito (conhecimento adquirido e repassado através da interação, conhecimento não codificado); d) as inovações e aprendizados interativos (inovações e aprendizados que surgem a partir da interação dos atores) e e) a governança (liderança do APL, geralmente exercida por empresários ou pelo seu conjunto representativo – sindicatos, associações).
Dentro de um APL, as atividades desenvolvidas estimulam a cooperação e colaboração, uma vez que o potencial competitivo dessas firmas advém, não de proveitos de escala individuais, e sim de ganhos