antropologia trabalho realação saude & doencas
Não se trata aqui de conhecer doenças. A antropologia se situa onde é possível interpretar e compreender as diferentes concepções de corpo. Interferem na medida em que não é possível isolar a doença do doente, a terapêutica do médico e o espaço dos hospitais das significações sociais que ele carrega. Cada cultura constrói uma explicação própria para a origem, e tratamento de determinadas doenças, formando assim um conjunto de representações, saberes e práticas de um grupo social. Há grupos para os quais doenças são resultados da ação de espíritos por meio de feitiçarias e cuja terapêutica consiste em expulsar o inimigo; para outros, a doença possui existência independente do doente e sua terapêutica consiste em ingerir substâncias. O ponto de partida é a compreensão da doença. A medicina ocupa tanto um espaço simbólico que parece natural que nosso organismo adoeça, sendo está a principal prática terapêutica das ciências da saúde, mas a psicologia surgiu nesse período. Médicos, psicólogos, odontólogos e enfermeiros tornaram-se os únicos profissionais reconhecidos pelo discurso oficial para intervir no corpo do indivíduo doente. A ideia contemporânea de doença foi elaborada a partir dos desenvolvimentos da ciência no século XIX, com a descoberta dos raios-X, o aperfeiçoamento de lentes para microscópio e as incursões no mundo micro. Antes dessas descobertas, o ser humano dependia dos sentidos para explicar estados patológicos. Mas sabe-se também que cada cultura constrói uma representação da relação saúde-doença criando um sistema médico coerente com ela. Existem sistemas envolvendo patologias e médicos ao lado de outros representados por energias e práticas, ou ainda espíritos e curandeiros. Todos são sistemas médicos, desde que suas práticas sejam direcionadas para a cura. Um exemplo sempre lembrado